O mal da civilização – A história da obesidade ainda é um universo cheio de perguntas e com poucas respostas!

29 de outubro de 2019

O mal da civilização – A história da obesidade ainda é um universo cheio de perguntas e com poucas respostas!

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“Em 1934, uma jovem pediatra alemã chamada Hilde Bruch mudou- -se para os Estados Unidos, se instalou na cidade de Nova York e ficou ‘impressionada’, como escreveu mais tarde, com o número de crianças obesas que viu – ‘realmente obesas, não só nas clínicas, mas nas ruas e nos metrôs, e nas escolas’. Com efeito, as crianças obesas na cidade de Nova York chamavam tanto a atenção que outros imigrantes europeus costumavam perguntar a Bruch sobre isso, presumindo que ela teria uma resposta. ‘Qual é o problema com as crianças norte-americanas?’, perguntavam. ‘Por que elas são tão gordas e barrigudas?’ Muitos diziam que nunca tinham visto tantas crianças em tal estado. Mas essa era a cidade de Nova York em meados dos anos 1930. Isso foi duas décadas antes das primeiras franquias de McDonald’s e KFC, quando nasceu o fast-food tal como o conhecemos hoje. Isso foi meio século antes das porções extragrandes e do xarope de milho rico em frutose. Mais exatamente, 1934 era o pior momento da Grande Depressão, uma época de sopas comunitárias, filas para o pão e desemprego sem precedentes. Um em cada quatro trabalhadores nos Estados Unidos estava desempregado. Seis em cada dez norte-americanos estavam vivendo na pobreza. Na cidade de Nova York, onde Bruch e seus colegas imigrantes ficaram impressionados com a adiposidade das crianças locais, consta que uma em cada quatro crianças era desnutrida. Como isso é possível?

(Gary Taubes, no livro Por que engordamos e o que fazer para evitar?)

É perceptível — e não é de hoje — que a obesidade preocupa. Muitas perguntas têm sido feitas e, aparentemente, ainda não há resposta definitiva. É evidente que a questão do sobrepeso está diretamente relacionada com a quantidade de alimentos ingeridos. Mas, cada vez mais, a qualidade e constituição desses alimentos (nutrientes, fibras, proteínas, gorduras, açúcares, industrialização) assumem maior importância na solução de um dos maiores problemas de saúde da civilização moderna.

MAS AFINAL: O QUE É OBESIDADE?

A obesidade tornou-se um dos maiores flagelos de saúde do nosso tempo. Em todo o mundo, ela é corresponsável por 3 milhões de mortes anuais. Dados da OMS mostram que o número de pessoas obesas com idade entre 5 e 19 anos aumentou de 11 milhões em 1975 para 124 milhões em 2016. Há mais de 1 bilhão de adultos que se classificam com sobrepeso ou obesos, e a epidemia atingiu, principal e contraditoriamente, países em desenvolvimento – onde a fome e a desnutrição ainda são comuns. À medida em que os pesquisadores aprendem mais sobre os impactos social e econômico da obesidade, uma série de perguntas básicas não respondidas permanece: por exemplo, por que as taxas de obesidade aumentaram nas últimas três décadas e como reverter essa tendência?

A palavra obesidade vem do latim “obesitas”, que significa gordura. O “índice de massa corporal”, ou IMC – um cálculo entre altura e o peso de uma pessoa – é o método mais utilizado para medir a obesidade, embora não seja perfeito. O IMC pode colocar pessoas musculosas, por exemplo, nas categorias de sobrepeso ou obesidade porque não consegue distinguir entre massa muscular magra e massa gorda. No entanto, continua sendo um bom indicador.

Observando o gráfico abaixo é possível encontrar as 3 diferentes faixas de classificação: normal, sobrepeso e obeso. Um IMC de 25 ou mais coloca uma pessoa na categoria acima do peso; 30 é o limiar da obesidade. Estudos descobriram que o excesso de peso – especialmente obesidade e obesidade mórbida – é um importante fator de risco de morte e de muitas, muitas doenças. A obesidade está relacionada com diabetes, hipertensão arterial, acidente vascular cerebral, doenças cardíacas, asma, apneia do sono, cálculos e vários tipos de câncer.

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